segunda-feira, 21 de março de 2011

Arte é ou não é representação - I

 "(...) A performance implica uma série de discussões porque não tem um lugar definido. É dança, é teatro? Como pode ser artes plásticas? Quando há personagem, cenário, dramaturgia, é teatro. A grande questão nas artes visuais é que ela quebra a ideia de representação.(....)" (Daniela Labra, spin curadora ou facilitadora)


Transportando este ponto de vista de Daniela Labra para o que ocorreu comigo, deparo-me com a seguinte questão: como não não será representação minha obra se as obras de verdade já foram executadas. De forma que, ao apresentá-las, estarei reconstituindo-as.
Explico:
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Após a publicar o post anterior, ao visitar o Facebook

 
Do jornal O Globo:

'Veste nu', performance do carioca Daniel Toledo/ Foto: Pedro Victor Brandão


Arte com o próprio corpo
Quatro performances que lidam com o nu são parte de um festival realizado pelo MAM


Suzana Velasco


RIO - Museu de Arte Moderna do Rio, 1970. Depois de inscrever as medidas de seu corpo como obra a ser exposta no 19 Salão de Arte Moderna do MAM, e ser recusado, Antonio Manuel decide participar à revelia dos organizadores. E surge nu na abertura da mostra, chocando os convidados. Museu de Arte Moderna do Rio, 2011. Quatro performances que de algum modo lidam com o nu são parte de um festival realizado pelo próprio MAM, entre terça-feira e domingo próximos, e patrocinado por um edital do Ministério da Cultura. Institucionalizada, a performance pode até continuar chocando, mas hoje é uma entre muitas linguagens artísticas, absorvida pelo mercado, comprada por museus e tema de bienais de arte. Continua sendo performance: aberto ao acaso, o corpo do artista ou de alguém levado por ele se mostra - sarcástico, provocador, lírico - para o público, indispensável em seu olhar e suas reações.

Veja mais fotos das performances

Mas esse corpo hoje pode ter formas bem distintas, que o Festival Performance Arte Brasil se propõe a mostrar: são 43 artistas de todo o país, além de quatro mostras de vídeos e debates com 16 palestrantes. Para montar a programação, a curadora geral do evento, Daniela Labra, convidou outros seis curadores, de diferentes regiões, consciente de que esta é hoje uma linguagem nacional: Orlando Maneschy (PA), Beth da Matta (PE), Bia Medeiros (DF), Regina Melim (SC), Paulo Reis (PR) e Daniela Mattos (RJ). Se nos anos 1960 e 1970 muitas performances eram protestos contra as instituições e o mercado de arte que começava a se firmar no país, hoje grande parte dos artistas participantes é representada por galerias - que podem comercializar os registros das performances em fotos e vídeos.

- A performance hoje é uma linguagem como as outras, uma disciplina artística. Não é mais uma coisa superestranha - diz Daniela, criadora do festival anual de performance Verbo, na galeria Vermelho, em São Paulo, e de outro no Oi Futuro. - A performance implica uma série de discussões porque não tem um lugar definido. É dança, é teatro? Como pode ser artes plásticas? Quando há personagem, cenário, dramaturgia, é teatro. A grande questão nas artes visuais é que ela quebra a ideia de representação.

Nesse lugar ambíguo, a performance intensifica o caráter interdisciplinar já forte na arte contemporânea como um todo. O festival reúne, por exemplo, artistas vindos da dança, como Marcela Levi e Micheline Torres. Mesmo com ações experimentais, ambas têm uma experiência de trabalho físico. No outro extremo, Aslan Cabral passará - pela primeira vez, sem preparação corporal - dez horas sobre uma árvore, nos jardins do MAM, observando outras performances que ocorrerão paralelamente.

" A performance não tem mais um caráter tão agressivo, mas incomoda pelo formato efêmero "

A performance de abertura do festival, na terça, às 18h, será "A reprodução proibida", de Ana Montenegro. Ela ficará de costas para os espectadores, vestida, enquanto uma voz em off fará uma descrição de sua aparência frontal. Em 2009, no Verbo, Ana ficou nua por 20 minutos, encarando os espectadores, que sacaram seus celulares com câmera para fotografar o momento. Se o nu já não choca tanto, pode incomodar: muita gente saiu da sala.

- O que me motiva é a fragilidade do corpo, do efêmero - diz Ana.

Para a curadora Bia Medeiros, essa efemeridade é a principal causa do incômodo que ainda existe em relação à performance. Segundo ela, o meio ainda é pouco presente em prêmios e bienais e, no Brasil, só começou a fazer parte de concursos e editais públicos nos últimos cinco anos.

- A performance não tem mais um caráter tão agressivo, mas incomoda pelo formato efêmero. Não é um bem que se pode comprar, como a documentação sobre ela - diz Bia, integrante do grupo Corpos Informáticos, que une performance e tecnologia.

Há performances, porém, propositadamente agressivas, como a que será apresentada pelo paraense Victor de la Rocque, que amarra uma galinha no corpo e sai pela cidade. Daniela Labra identifica um traço visceral na produção do Norte do país. O curador Orlando Maneschy, que também fará uma performance no festival, concorda:

- A gente tem algumas particularidades por estar fora dos grandes centros. Muitos artistas não têm compromisso com o mercado, por isso os trabalhos têm grande liberdade de experimentação.


Leia esta reportagem na íntegra na edição digital do Segundo Caderno

FONTE: http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2011/03/19/quatro-performances-que-lidam-com-nu-sao-parte-de-um-festival-realizado-pelo-mam-924047202.asp

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